12 de abr. de 2015

Assisti o Demolidor da Netflix (com spoilers)




Assisti Daredevil, em uma maratona pessoal eivada de projeções psicológicas e reflexões sobre a vida (existe uma expressão em inglês para esse novo comportamento, o de assistir uma série, nova ou antiga, de uma só vez, mas não lembro agora).

Gostei, recomendo, e estou particularmente empolgado para assistir as próximas produções da Netflix baseadas em super-heróis Marvel. O Demolidor (Daredevil, ou "demônio audaz", no original), foi um de meus heróis favoritos da infância/adolescência e considerei a transposição do universo dos quadrinhos para o ambiente da Netflix particularmente feliz em dois pontos para citar apenas dois (e aqui começam os spoilers, caso você não tenha assistido à serie):

1- A escolha de o herói se valer de um uniforme "improvisado" foi muito inteligente. No distante século XX, no qual os personagens da Marvel foram criados, era comum que, no pacote de super-poderes, viessem junto "super-habilidades de costura" (como no caso do Demolidor e do Homem-Aranha, para citar apenas dois dos mais famosos). Hoje em dia seria muito difícil que a audiência jovem acreditasse que um indivíduo, ainda que dotado de super-poderes, simplesmente escolheria combater o crime vestindo um traje vermelho berrante (isto levaria a serios questionamentos sobre as motivações suicidas do mesmo). Talvez por isso, durante a primeira temporada somos meio que preparados para a mudança de traje por várias "piadinhas" dos demais personagens - do tipo, "você deveria arrumar um traje melhor", etc. Outros adereços, como os célebres bastões são introduzidos como "presentes" e o próprio nome do super-herói em formação vão sendo construídos ao longo dos episódios. Esta escolha de roteiro é muito, muito mais palatável do que a versão original dos quadrinhos, convenhamos.

2- Stick é Yoda on drugs. A apresentação do "mestre" do Demolidor - o personagem Stick - no episódio 7 (o único que me deu vontade de rever, a bem da verdade) foi muito, muito bem feita. Só achei insuficiente o tempo de treinamento do jovem padawan: não acredito que tenham se passado mais do que alguns meses, o que, com toda a certeza, não é o suficiente para desenvolver as habilidades "ninjas" que o Demolidor adulto manifesta - mas graças ao superpoder da "suspensão da descrença", conseguimos passar por cima deste detalhe sem problemas. Aqui se acrescenta mais um componente a intrincada psicologia do personagem - que é a de ele nunca ter " concluído o seu treinamento" de forma adequada. 

Falando de ninjas, a "solução" dada para a morte do Nobu foi particularmente criativa: nos quadrinhos os ninjas entram em combustão espontânea quando morrem, e seria difícil reproduzir isto de forma crível no ambiente "pé no chão" da série. A forma como eles souberam lidar com isso na série foi muito elegante - e fiquei voltando na cena da luta repetidas e repetidas vezes.

Único ponto fraco.

O único ponto fraco que achei foi, infelizmente, o Rei do Crime: o achei excessivamente imaturo e descontrolado para alguém que - teoricamente - teria trabalhado durante anos em silêncio construindo um Império de corrupção e crime. Também toda a história do romance com a Vanessa não me convenceu - mas pode ser que tenha sido só uma impressão minha, que não tira o brilho do ator que desempenhou o papel de Wilson Fisk, nem da série como um todo. Não é nada, também, que não possa ser recuperado em um novo arco/temporada.   

Que venham mais iniciativas deste calibre! Marvetes de todas as idades agradecem.

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