22 de ago. de 2010

Enterprise (2001): Minha Mini-maratona pessoal - Segunda Temporada - Episódios 02 a 13.

Retomei a minha mini-maratona de Star Trek: Enterprise, como prometido, a partir do primeiro one-shot da segunda temporada. Até tentei assistir Shockwave, o episódio final da primeira temporada - que faz dupla com o primeiro episódio da segunda - mas não deu: após um início brilhante, no qual a tripulação da Enterprise se vê como responsável pelo extermínio de um grupo de colonos, a trama - que tinha tudo pra ser muito boa - muda, de repente, para aquele bla-bla-bla de guerra fria temporal, sulibans, etc. Boring. Pulei esse episódio e o seguinte e fui parar em Carbon Creek.

Carbon Creek: durante um jantar, T'Pol partilha com o capitão Archer e Trip o que seria a verdadeira história do primeiro contato dos Vulcanos com a Terra - só que nos anos 50. O episódio é, facilmente, um dos melhores momentos de  Star Trek ever - não estou falando apenas de Enterprise, mas de toda a franquia Star Trek! O tema de choque cultural, que é um dos pontos fortes de Star Trek, é aqui trabalhado à perfeição. 

Nota Trekker (contém minor spoilers): Após assistir o episódio, fiquei me perguntando o porquê de T'Pol se dar o trabalho de contar a verdade por detrás do primeiro contato para desmenti-la no final. Desenvolvi a teoria de que tudo foi um estratagema para, de alguma maneira, fazer chegar a informação ao Comando da Frota - uma vez que tanto Archer quanto Trip devem se sentir obrigados a fazer alguma espécie de relato daquilo tudo. A cena final me levou a crer que a a história toda pode ser um segredo de família - do qual o Alto Comando Vulcano não tenha conhecimento - passado de geração em geração. Pode ser.

Minefield: neste episódio temos o primeiro contato com os Romulanos. A parte central deste episódio envolve o capitão Archer e o armeiro Reed e é muito - mas muito - bem conduzida. O personagem Malcom Reed, vivido pelo ator britãnico Dominic Keting, sempre me deu a impressão de não ter sido suficientemente desenvolvido, o que é realmente uma pena, pois me parecia ter muito mais a oferecer do que o engenheiro Trip, que ganhou destaque nos dois anos finais da série. Este episódio nos dá uma boa amostra do que poderia ser o personagem se tivesse sido mais bem trabalhado. 

Nota Trekker: mais um primeiro contato acontecendo teoricamente décadas antes do que deveria. Estas divergências entre a linha de tempo de Enterprise e a estabelecida pelas demais séries da franquia - em especial a série clássica - levou muitos fãs na época teorizarem que as aventuras do capitão Archer e sua tripulação teriam lugar em uma linha do tempo alternativa - o que, considerando que a trama recorre bastante ao recurso de viajar no tempo, é inteiramente plausível. Não vou aqui discutir este mérito mas isso pode ser considerado, de alguma forma, uma tendência da franquia - oficialmente assumida, parece, pelo recente longa para os cinemas (2009). 

Dead Stop: "não existe esta coisa de almoço grátis" - mas em clima space. Parece uma versão de  "O Cérebro de Spock" mas menos agressive. Sem charme, sem encantamento. 

A Night In Sickbay:  (pulei esse: a sinopse diz : "o capitão Archer passa uma noite na enfermaria da nave com seu cachorro doente" - pelo Amor de Deus!) 

Marauders: a Enterprise ajuda a defender uma colônia de mineradores assolada pelos Klingons.

Nota Trekker: eu nunca entendi e acho que nunca vou entender (e acho que nem foi feito pra se entender) esse tal de princípio de "não-interferência" da franquia Star Trek. Eu lembro que na série clássica tanto a Federação quanto o Império Klingon aliciavam planetas inteiramente rurais - sem qualquer tecnologia que merecesse este nome. Eu acho que é o tipo de coisa que funciona só quando eles querem: pra sair de uma saia justa, pra evitar uma decisão difícil, ou para ter alguma coisa que dizer logo antes de entrar em dobra, etc. Este episódio é uma clara evidência de que, quando se quer, a não-interferência é chutada para o alto sem a menor dó: é tudo política! 

The Seventh: T´Pol, Archer e Tostines (alferes Mayweather) tem de recapturar um prisioneiro Vulcano foragido. Neste episódio aprendemos que o Alto Comando Vulcano infiltrou diversos agentes de inteligência em uma sociedade qualquer - que estes foram cirurgicamente alterados para parecer com os locais. A missão destes agentes era  assumir posições de comando na rede criminosa do planeta a fim de obter as informações para desbaratá-la. ("Não-interferência", sei.) Episódio muito fraco, ao meu ver. Bruce Davison - que aqui no Brasil é mais conhecido como o pai da família de "Um Hóspede do Barulho" - rouba a cena sempre que abre a boca. O alferes Mayweather está perfeito neste episódio: seja como encosto de parede, como peso de porta e outras participações dignas do seu calibre. 

The Communicator: este é um plot já estabelecido desde a série clássica: a equipe de desembarque retorna de uma visita a um planeta menos desenvolvido tecnologicamente e percebe que esqueceu por lá um comunicador. A diferença é que na série clássica o pessoal simplesmente "deixava pra lá", fazia uma piadinha e seguia em frente - na série Enterprise, o pessoal volta para procurar o bendito comunicador e acaba causando um incidente muito pior. Normal. Pelo que aconteceu, eu não me surpreenderia se o planeta entrasse em uma guerra mundial logo depois do final do episódio. (Em Stargate SG-1, que é a versão de Star Trek sem a tal da "não-interferência" isso aconteceu pelo menos duas vezes que eu lembro.) 

Singularity: num dos episódios com uma das premissas mais interessantes da temporada, aprendemos - entre outras coisas - a origem do "alerta tático" - visto em todas as outras séries da franquia. Afetada por uma radiação rara, a tripulação da Enterprise começa a desenvolver - em massa - transtorno obsessivo compulsivo. Desta forma, cada personagem passa a exibir comportamentos que nos mostram muito de suas verdadeiras personalidades. Muito bom.

Vanishing Point: Hoshi supera um medo antigo, yada, yada, yada. Se quer um conselho, pule este.

Precious Cargo: Trip se envolve com uma princesa alienígena. Pule este, ou assista em FF. 

The Catwalk: após dois episódios bem fracos, um bom episódio! Este episódio possui como diferenciais: (1) o fato de não centrado em um único personagem, mostrando a tripulação da nave - talvez pela primeira vez - como uma equipe e (2) por mostrar algo da relação da tripulação com a própria nave. 

Dawn: uma versão Enterprise de Inimigo Meu. Picard já tinha feito algo parecido. 

Stigma: T'Pol descobre possuir uma doença rara - que é vista com preconceito pela sociedade Vulcana. A metáfora para DST/AIDS é aqui bem evidente - e me pareceu bem-intencionada -  mas não é muito bem conduzida. 

Paramos por aqui, mas o que já fica bem claro, olhando retrospectivamente, é o extraordinário declínio da qualidade dos episódios nesta segunda temporada (se comparada com a primeira) o que, muito possivelmente, foi o responsável pela dramática mudança de curso que vemos acontecer na terceira temporada - mudança de curso, para pior, em dobra máxima. Muitos fãs consideram a quarta temporada de Enterprise a melhor, mas, na verdade, o que acontece é que a terceira temporada é tão, mas tão ruim, que, qualquer coisa que venha depois parece muito melhor. E tenho dito. Felizmente, ainda restam alguns episódios da segunda, para nos ajudar a atravessar a midseason.

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